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NA LUPA: No DF, Ibaneis e Celina vão além do bolsonarismo
Após o anúncio da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre produtos brasileiros, setores da esquerda do Distrito Federal passaram a especular, nos bastidores, que a medida poderia afetar, ainda que indiretamente, os projetos eleitorais do governador Ibaneis Rocha (MDB) e da vice-governadora Celina Leão (PP), em razão do suposto alinhamento ideológico. O diagnóstico, porém, é equivocado.
A gestão de Ibaneis não se confunde com o bolsonarismo, como ocorre nos governos de Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC). Jair Bolsonaro (PL), inclusive, nunca participou de atos de campanha com Ibaneis, ao contrário do que fez com outros governadores alinhados à extrema-direita. O apoio do emedebista a Bolsonaro, no segundo turno da eleição de 2022, foi fruto de articulação regional, e não de afinidade ideológica.
Ibaneis se define como político de centro, com inclinação à direita, mas distante dos radicalismos. Celina, embora próxima da família Bolsonaro, construiu sua carreira de forma independente. Considera-se de direita, mas manteve posição firme em defesa da democracia durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O apoio de eleitores bolsonaristas pode somar nas urnas, mas não será o pilar das campanhas de Ibaneis ao Senado e de Celina ao Palácio do Buriti em 2026. O cálculo político é pragmático: todo apoio é bem-vindo, desde que não comprometa.
Mesmo em um cenário de enfraquecimento da extrema-direita ou com Bolsonaro impedido de atuar politicamente, a dupla tem base suficiente para avançar. O desempenho administrativo será o principal trunfo.
O eleitor costuma separar as esferas de disputa. As eleições de 2024 são prova disso. Em Goiás, Bolsonaro enfrentou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e foi derrotado nos principais municípios, especialmente em Goiânia.
O cenário nacional não se reflete automaticamente nos estados, que têm dinâmicas e prioridades próprias.
No DF, Bolsonaro ainda é um cabo eleitoral relevante. No segundo turno da eleição passada, obteve 1.041.331 votos — 312.036 a mais que Lula (PT). Mesmo assim, seu peso político não garante vitória. Para quem já governa, o que decide a eleição são as entregas, não o apoio.
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